Tentativa de Ricardo Coutinho de calar imprensa repercute nacionalmente

Dércio Alcântara: “O clima para jornalistas na Paraíba mudou”.

Os jornalistas da Paraíba têm lutado para conquistar maior liberdade de imprensa no Estado.

Nos últimos dias, cerca de 50 profissionais de diferentes veículos entregaram uma Carta Denúncia a diversas instituições, como a OAB, a FENAJ e a Assembleia Legislativa. O documento relata abusos do poder público sobre a imprensa, que tem enfrentado dificuldades para realizar seu trabalho. Além disso, contabiliza também diversas ações judiciais contra comunicadores.

Estes e muitos outros episódios que denotam uma predileção do governador Ricardo Coutinho (PSB/PB) em barrar o trabalho de jornalistas , é relatada ao Portal IMPRENSA pelo jornalista, Dércio Alcântara. Ele é alvo de 42 processos movidos por Coutinho, todos devidos a postagens em um blog. No site, Alcântara publica críticas e análises sobre os jogos de poder na Paraíba. “A gente está vivendo um clima diferente, como o que a minha geração viveu no tempo da ditadura” afirma ele.

Alcantâra começou o “Blog do Dércio” em 2005. Quando Coutinho assumiu o cargo de chefe do executivo no Estado em 2011, a onda de processos contra o jornalista começava.

Sobre a situação da imprensa em geral na região, ele ressalta: “Nenhum repórter, de nenhum veículo, consegue ter acesso a informações de repartições públicas, sejam elas municipais ou governamentais.” Na conversa com o Portal IMPRENSA, Alcântara descreveu uma dezena de casos de jornalistas que foram transferidos de cidade, e outros que não conseguiam entrevistas com diretores de escolas e hospitais em ocasiões polêmicas na cidade etc. Aparentemente, a maioria das ações são acompanhadas de reforço policial e intimações judiciais. ”A polícia é utilizada como um instrumento de pressão contra os jornalistas aqui” afirma ele.

Recentemente, ainda, foi descoberto esquema de grampo telefônico na Assembleia, em que suspeita-se o objetivo ser investigar a vida de jornalistas. “Me preocupa muito esse acirramento, porque, se em 7 meses a gente está vivendo uma situação como essa, me preocupa o que vai acontecer daqui pra frente” observa.

Alessandra Ungria

Crédito: Reprodução

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