segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Borborema e o patrimônio público

Um leitor do Portal Bananeiras Online nos enviou esta matéria: Borborema: um triste exemplo de uso do patrimônio público para projeção de mandatários locais.

Não é raro vermos estudiosos afirmarem que o coração da República está na própria palavra “res + pública”, literalmente “coisa do povo” e enfatizarem a necessidade de separação entre o público e o privado. Todavia, ainda estamos muito distantes de tal separação. 

A avidez por projeção tem feito muitos detentores de cargos eletivos e outros gestores do patrimônio público esquecerem essa lição elementar. Basta um rápido excurso pelo município de Borborema para que se veja um exemplo emblemático de utilização do patrimônio público para projeção de famílias de políticos considerados líderes locais.

A prefeitura municipal e a feira livre daquele município estão localizadas na Av. Arlindo Ramalho. Uma das duas escolas estaduais situadas no município chama-se José Amâncio Ramalho. A rua onde se realizam, anualmente, as comemorações pela emancipação política da cidade, que é uma espécie de adro da igreja matriz, chama-se José Amâncio Ramalho. O mais recente conjunto habitacional, construído pela prefeitura, denomina-se José Amâncio Ramalho. A maior escola municipal chama-se Leonor Ramalho. A creche da cidade é denominada Ana Cláudia Ramalho. O ex-prefeito que antecedeu o prefeito atual chamava-se José Amâncio Ramalho. Se hover necessidade de falar com o atual vice-prefeito, não esqueça que ele, não por acaso, chama-se, adivinhe! Isso mesmo: José Amacio Ramalho. Querendo um conforto espiritual? A estátua de Padre Cícero também está localizada na Av. Arlindo Ramalho. Há, ainda, a Rua Gen. Edson Ramalho. A outra escola estadual chama-se Efigênio Leite. Uma vereadora que está no quinto mandato consecutivo chama-se Paula Leite e o nome de uma ex vice-prefeita é Lourdes Leite (não é mera coincidência!). O ginásio de esportes do município é denominado “O Maranhão”, claro que um dos ex-prefeitos, também não por acaso, chama-se José Maranhão

Obviamente, esse “fenômeno” não ocorre apenas no município de Borborema, contudo, não há como negar que se trata de um escandaloso exemplo de utilização do patrimônio público com intuito de insculpir na mente das pessoas os nomes dos mandatários locais que anseiam por se perpetuar no poder.

Mas, e a maioria dos cidadãos que paga seus impostos, com os quais são construídos prédios, ruas, avenidas, cheches, pontes, escolas, etc. Concorda com isso? Se o patrimônio é público, por que as pessoas são obrigadas a verem o emprego dele para fins claramente privados sem poderem opinar?

Também não se pode esquecer que, normalmente, esses nomes são submetidos à aprovação do legislativo municipal. Será que, ingenuamente, nossos queridos vereadores nunca perceberam esse estratagema ardiloso?

Esta matéria foi enviada por um leitor do Portal Bananeiras Online que pediu pra não ser identificado.


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3 comentários:

  1. Isso vai ser sempre a assim, saimos da ditadura dos militares para a ditadura dos politicos, mas o povo não quer saber disso, só querem saber das novelas da televisão nosso povo não é um povo guerreiro e sim o povo acomodado.

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  2. Estamos em um novo tempo a cada dia o cerco vai fechando para esse tipo de ditador. Os mais antigos já diziam vai chegar o dia que a roda grande vai passar por dentro da pequena e já estamos vendo isto.

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  3. Ainda bem que há pessoas que ainda escrevem palavras bonitas que expressam sua insatisfação, e não para iludir uma população. Deixando de lado as capitais, as outras cidades do interior da PB, as pessoas estão submetidas ao que se pode chamar de "lavagem cerebral". Essas são uma das provas as quais os políticos não investem em educação, pois eles não querem que ninguém sejam mais esperto, até mesmo mais inteligente, porque hoje qualquer um pode ser político, e olha que não precisa de muito, basta apenas ter um nome ou até mesmo não ter quase nada. Fato não é o que eu estou dizendo, fato é o que existe na Paraíba. Mas fazer o que? a democracia perdeu o direito para o dinheiro.

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