Desde o inicio de junho, nós, em particular nordestinos, estamos comemorando a grande festa popular brasileira, o São João, vindo logo depois, o São Pedro.
Eu não poderia deixar de refletir acerca dos elementos presentes nesta festividade popular, mais precisamente, interiorana. Em Chã Preta/AL, por exemplo, desde o inicio do mês, a começar com a festa de Santo Antonio, temos sentido de perto, o calor das fogueiras, o arder dos olhos devido as fumaças e o ensurdecedor barulho dos fogos de artifícios pelos quatro cantos da cidade.
Historicamente, o fogo serviu como proteção aos primatas, afastando os predadores, neste caso, a fogueira ou fogo, representam proteção contra os ataques dos inimigos. Vale salientar que o fogo foi também o maior responsável pela sobrevivência do ser humano, pois durante muito tempo, o fogo foi usado no desenvolvimento e criação de armas e como força destrutiva.
Interessante notar que na Idade Média, os estudiosos acreditavam que o fogo possuía propriedades de transformação da matéria, ou melhor, alterando determinadas propriedades químicas, por exemplo, minério sem valor, em ouro puro.
Percebe-se aqui, o elemento fogo como sendo um agente de transformação. Acredita-se que as fogueiras podem receber inúmeras representações e objetivos, mas optamos representá-las como sendo um aviso, prática antiqüíssima de comunicar-se.
Percebe-se aqui, o elemento fogo como sendo um agente de transformação. Acredita-se que as fogueiras podem receber inúmeras representações e objetivos, mas optamos representá-las como sendo um aviso, prática antiqüíssima de comunicar-se.
Quando se fala em fogueira, obviamente, vem a fumaça, pois a fumaça produz ardor nos olhos, irritação na garganta, mau cheiro no cabelo e na roupa, além do forte nevoeiro que toma conta da cidade.
A fumaça, neste caso, embaça nossa visão, dissipando toda e qualquer nitidez existente. Para não ser pessimista ao extremo, acredito que a fumaça também serve para espantar muriçocas (mosquitos), dando-nos assim, um sono tranqüilo.
Depois de passar pela prova de fogo e arder os olhos com as nuvens de fumaça, rendo-me aos divertidos fogos de artifícios. Compreende-se que os fogos de artifícios representam do ponto de vista dos antigos romanos, o ato de expulsar ruidosamente uma pessoa, romper as ondas ao nadar, desaprovar ruidosamente, ou seja, golpear para fora.
Neste caso, os fogos de artifícios trazem a idéia de expulsão, afastamento, isto é, pôr para fora. Seus efeitos dividem-se em: fisiológicos (que afetam os indivíduos ao nível de olhos, tímpanos, pulmões, coração, etc.), térmicos (provêm do aumento de temperatura) e mecânicos (traduzem-se na deslocação de materiais, por arrastamento ou por destruição).
A temática proposta conduz-nos ao São João e São Pedro de Alagoas. Fogueira, Fumaça e Fogos de Artifícios, estarão intrinsecamente ligados à população alagoana durante estas festividades.
Meu desejo é que as fogueiras de São João e São Pedro possam ajudar no desenvolvimento da população alagoana; trazendo despertamento político, agindo contra os políticos de carreira e populistas. Que o fogo dessas fogueiras possa proteger a população contra o coronelismo “pós-moderno”, verdadeiros predadores da dignidade do povo alagoano.
Acredito na força desse fogo em transformar a realidade política alagoana, alterando a realidade atual, modificando as faculdades mentais dos seus futuros e atuais eleitores. Acredito nas fogueiras alagoanas aquecendo o cérebro da população, despertando-a para a celeuma existente.
E, onde há fogo, há fumaça, não poderia deixar de ver a fumaça tomando conta da subserviência, dominação, humilhação, intimidação, paternalismo, assistencialismo, dependência e violência política, presentes no paraíso das alagoas. Acredito na fumaça embaçando a classe dominante, espantando as “muriçocas usurpadoras do sangue do povo”. Que a fumaça das fogueiras possa irritar olhos e gargantas dos maldosos, gananciosos, individualistas e egoístas.
Que a fumaça destas festividades tragam para Alagoas o mau cheiro da política suja e corrupta, levando a população a sentir o odor repugnante e irritador da politicagem eleitoreira. Quem dera ver uma Alagoas, livre das “muriçocas”, para isso é preciso muito fogo e, conseqüentemente, muita fumaça. Dando continuidade as nossas festividades, estão faltando os fogos de artifícios, pois sem eles a festa não seria completa.
Acredito que os fogos de artifícios servirão para golpear para bem longe o medo da população, bem como para romper com as correntes da submissão política. Que os fogos de artifícios possam espantar as cobras peçonhentas, uma vez que em nosso Estado, existem muitas cobras em estado de metamorfose.
Que o barulho desses fogos possa trazer desaprovação à compra de votos e à dominação histórica. Que estes fogos possam despertar o povo, ou melhor, acordá-lo para a trágica realidade político-social. Acredito nos fogos que venham romper os limites da consciência do povo, conduzindo-o à mudança de rumo e da sua própria história.
Compreende-se que Fogueira, Fumaça e Fogos de Artifícios, constituem-se neste caso, elementos indispensáveis para o futuro do nosso paraíso das águas, completando-se com um bom forró pé de serra e alambique para afastar toda insatisfação e estresse político-social. Queima! Queima!
Adriano Trajano
Pastor da Igreja Batista em Chã Preta/AL
Fonte: pastoradrianotrajano
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