quinta-feira, 16 de junho de 2011

Golfe e desenvolvimento

Um amigo recentemente me questionou sobre as vantagens que um campo de golfe pode trazer a uma cidade. Minha resposta foi longa, e desde então o assunto tem me perseguido. Cansei de correr dele e resolvi finalmente escrever algo sobre o tema, que é bastante extenso, por sinal.

Poucas cidades brasileiras se orgulham de ter um campo de golfe. Pelas minhas contas, pouco menos de cem, entre os mais de 5,5 mil municípios brasileiros. Apenas 12 capitais contam com um campo de golfe em seus limites. Ou seja: se a sua cidade possui local para a prática do esporte, pode se considerar uma privilegiada.

Privilegiada, isso mesmo. A cidade que tem um campo de golfe entra na rota dos golfistas, maior parte deles formadores de opinião e tomadores de decisão. Eu mesmo dificilmente teria ido até hoje tantas vezes a cidades próximas de São Paulo como Itu, Bragança Paulista, Araçariguama, Arujá e Mogi das Cruzes se não fosse pelo golfe. Digo o mesmo de cidades mais distantes do capital ou fora do Estado, como São Carlos, Campo Grande e até mesmo a distante Rio Preto da Eva, no Amazonas. Não quero nem pensar em quanto dinheiro já deixei em vários desses municípios.

Os campos de golfe ligados a resort turísticos trazem benefícios imediatos à região onde estão instalados. O golfe permite um turismo de baixo impacto e de alto rendimento. Ou seja, as cidades turísticas conseguem muito mais renda com um número bem menor de pessoas. Um exemplo prático: certamente um casal de golfistas que passa uma semana no Club Med de Trancoso para jogar no Terravista Golf Course, frequentar o spa e passear pelo Quadrado gastará muito mais do que um ônibus lotado de estudantes secundaristas que perambulam a semana inteira pela Passarela do Álcool em Porto Seguro – mesmo município onde está o resort, é bom observar. Qual dos dois – o casal de golfistas ou o ônibus lotado – deixará menos impacto para a cidade e para o meio ambiente?

Não é preciso que o campo seja turístico para levar benefícios para a cidade. Um exemplo prático é o do Japeri Golf Links, primeiro campo público do Brasil, construído em Japeri, um dos municípios mais pobres da Baixada Fluminense. Por causa do campo, o município entrou na rota de empresários cariocas. Resultado: a Granado, aquela famosa e simpática marca de cosméticos, cujos donos são golfistas, instalou em Japeri sua fábrica.

Outro exemplo dos benefícios do golfe pode ser observado por São Carlos, no interior paulista. A cada ano, a cidade lota com eventos como o Aberto do Damha Golf Club. Com centenas de golfistas e de convidados, hotéis e restaurantes da cidade registram movimento intenso durante os três dias de torneio. O golfe fez a cidade entrar no radar de centenas de empresários e tomadores de decisão, o que certamente irá gerar negócios no futuro – e aposto que já gerou.

O mesmo deve acontecer na pequena Bananeiras, cidade turística que fica a 140 km de João Pessoa, na Paraíba, e que acaba de inaugurar o seu campo de golfe. De uma hora para a outra, o município já entrou no radar dos golfistas do Rio Grande do Norte, que ainda não possui nenhum campo. Até o surgimento do Águas da Serra Golf Club, os jogadores do RN tinham de improvisar partidas na praia ou em praças da cidade. Agora só tem de pegar o carro e dirigir R$ 150 km para passar um final de semana agradável e repleto de bom golfe. A inauguração do campo já mostrou seu potencial ao município: os cerca de mil convidados que prestigiaram a festa lotaram os hotéis de Bananeiras e de todas as cidades que ficavam num raio de 50 quilômetros de lá.

Quem é golfista sabe bem que dificilmente viaja para onde não há campo de golfe. Oras, imagine se um empresário ou executivo golfista tem de decidir entre duas ou mais cidades para abrigar uma nova fábrica ou escritório. Se os critérios técnicos forem equivalentes, aposto minhas bolinhas de golfe que a cidade que tiver um bom campo de golfe levará vantagem. Se fosse eu o tomador de decisão, a escolha já estaria feita.

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