Uma cartilha sobre educação sexual está causando polêmica em Embu, na Grande São Paulo. Pais e alunos ficaram constrangidos com as ilustrações e conteúdos explícitos demais.
A publicação tem 16 páginas e foi distribuída nas escolas da rede pública municipal, para crianças de 10 e 11 anos.
As ilustrações e os textos tratam sobre as diferenças entre meninos e meninas, gravidez e doenças sexualmente transmissíveis, entre outros assuntos. Tem desenhos para colorir e jogos, entre eles o dos sete erros.
- Fiquei indignada porque ela é uma criança, não tem idade para isso. Uma criança de 4ª série acho que não cabe esse tipo de material - diz a mãe de uma aluna que estuda na Escola Municipal Professora Elza Marreiro, que não quer ser identificada.
- Não gostei, de forma alguma dessa cartilha, da capa até o final - acrescenta a mãe.
A cartilha começou a ser elaborada em 2004. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, na época, a intenção era mesmo entregar para crianças de 10 a 11 anos. Quando o material ficou pronto, no entanto, a comissão responsável pela apostila decidiu que o trabalho deveria ser feito com a família e a distribuição não foi feita. Sete anos depois, o material foi usado em sala de aula.
- Eu fiquei bastante chocada que esse material foi distribuído para crianças. Era orientação expressa que esse material não poderia ter sido entregue - diz Rosemary Mendes Matos, secretária municipal de Educação.
Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da Universidade de São Paulo (USP) analisou o material. Disse que a ideia da cartilha é ótima, a linguagem é objetiva e clara, mas ressaltou que as ilustrações poderiam ser mais discretas.
- Acredito que está faltando um passo anterior, que é os pais estarem sendo preparados para receber essa apostila e entender o conteúdo dela, para não se colocarem contra a educação sexual. Uma vez isso feito, raramente eles irão rever a posição deles - disse.
A Secretaria Municipal de Educação de Embu abriu sindicância para investigar como o material produzido com dinheiro público chegou às crianças. A Prefeitura disse que preparou profissionais para entregar as oitenta mil cartilhas aos pais e que o encarte só seria distribuído com a autorização dos responsáveis.
O Globo
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